sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

CORINTHIANS - A ORIGEM

No dia 1º de Setembro de 1910, às 20h30, no Bom Retiro, bairro operário de São Paulo, povoado principalmente por imigrantes italianos, portugueses e espanhóis, nasceu a maior das paixões de 35 milhões de brasileiros. Mais precisamente na Rua dos Imigrantes, nº 34, esquina com a Rua Cônego Martins, surgia o Sport Club Corinthians Paulista.
Sua fundação ocorre de forma humilde. Cinco operários do bairro, mais precisamente Antônio Pereira e Joaquim Ambrósio(pintores de parede), Anselmo Correia(motorista), Carlos da Silva(trabalhador braçal) e Rafael Perrone(sapateiro) - resolveram fundar um time de futebol. Sentados em frente a uma confeitaria, apenas sobre a luz de um lampião de gás, tiveram a idéia de fundar um clube para jogar nas várzeas paulistas.
A origem do nome “Corinthians” vem de um time de estudantes ingleses que passara por São Paulo e Rio de Janeiro para disputarem amistosos cujo nome era Corinthian Casuals Football Club, nome esse em homenagem a cidade grega de Corinto. Em seus jogos no estádio do Velódromo (localizado na área do bairro da Consolação, porem já extinto) este time encantou muita gente pelo bom futebol apresentado, inclusive aqueles cinco operários do Bom Retiro, que dias depois fundariam seu próprio clube.
Inicialmente, o Corinthians não tinha um nome definido, mas várias sugestões diferenciadas: a primeira foi Santos Dumont, em homenagem ao criador do avião; a outra foi Carlos Gomes, em homenagem a um grande maestro da época.
Mas então, Joaquim Ambrósio, numa reunião, pediu a palavra e propôs que o time se chamasse Sport Club Corinthians Paulista em homenagem ao time inglês que passara com grande sucesso e que, segundo suas palavras, também fora fundado à luz de um lampião de gás. Provavelmente Ambrósio tinha a intenção de mostrar à seus companheiros que o novo clube um dia poderia ser como o Corinthian inglês. Joaquim tinha em sua mente que mesmo sendo um clube de operários o time poderia ser grande e famoso, e tomava como exemplo o clube inglês.
Mas Ambrosio não sabia que o Corinthian (time inglês) fora fundado por alunos de Oxford e Cambridge, universidades freqüentadas por pessoas da elite inglesa, geralmente filhos de burgueses. O novo Corinthians Paulista seria o oposto dessa situação.
Todo time tem as suas ambições, e com o Corinthians a história não foi diferente, os seus primeiros fundadores e sócios tinham projetos diferenciados para a evolução da equipe. Alguns diziam que o Corinthians deveria se tornar um time grande, como o Paulistano e o São Paulo Athletic, e disputar os campeonatos da Liga Paulista de igual para igual com eles, outros queriam que a equipe fosse apenas um time de bairro, para disputar campeonatos na várzea, sendo nada mais que um pequeno clube destinado apenas aos moradores do Bom Retiro, como se fosse uma associação de bairro.
É importante dizer, que o Corinthians não existe apenas porque o time inglês passara por São Paulo: A idéia dos homens que fundaram o Corinthians Paulista já estava preparada, independente do time inglês vir ou não ao Brasil; a idéia de existir um time operário, ou club dos operários, como era conhecido, já tinha nascido e cristalizado. O futebol estava em alta no Brasil e se popularizava aos poucos, principalmente nos vários campos de várzea existentes por toda a cidade. Os operários do Bom Retiro já estavam pensando em ter o seu próprio clube. O clube inglês, serviu somente como modelo de nome e estrutura, o Sport Club Corinthians Paulista foi, sobretudo, a realização de um sonho, acima de qualquer influência.

fonte: http://www.klepsidra.netklepsidra4corinthians.html/

sábado, 24 de outubro de 2009

O VERDADEIRO IDEAL - GAVIÕES DA FIEL

NOSSO LEMA ESTÁ EXPRESSO EM NOSSA PRÓPRIA DESIGNAÇÃO - FORÇA INDEPENDENTE - LUTAMOS, VIBRAMOS, TORCEMOS E SEGUIMOS TODAS AS ATIVIDADES ESPORTIVAS NAS QUAIS O CORINTHIANS ESTEJA PRESENTE, PROCURANDO SEMPRE COLABORAR COM A MÍSTICA CORINTHIANA SEJA UM FATOR CONCRETO DE DESENVOLVIMENTO MORAL E FISICO. SE A NOSSA PRESENÇA PIONEIRA NOS ESTÁDIOS LEVA A VIBRAÇÃO E O ALARIDO DA GERAÇÃO MODERNA DURANTE O ESPETÁCULO, NÃO É MENOS VERDADE QUE, COMO PARTICIPANTES EFETIVOS DA FAMILIA CORINTHIANA, COM A QUAL COLABORAMOS EM TUDO, INCLUSIVE FINANCEIRAMENTE, NOS RESERVAMOS O DIREITO INALIENÁVEL DE PARTICIPAR DA VIDA POLÍTICA ADMINISTRATIVA DO CLUBE, ATUANDO ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO QUE FAZEMOS DOS ATOS E ATITUDES DOS DIRIGENTES - SIMPLES MANDATÁRIOS DA VONTADE DA GRANDE MASSA CORINTHIANA - APLAUDINDO, ORIENTANDO E CRITICANDO QUANDO ISSO ATENDE AOS INTERESSES MAIORES DO NOSSO CLUBE. OBSERVAMOS, ESCLARECEMOS E ATUAMOS, CONFORME O FIZEMOS QUANDO DA VITÓRIA DA REVOLUÇÃO CORINTHIANA, CUJAS REALIZAÇÕES E ATOS SEGUIMOS ATENTAMENTE, RESERVANDO-NOS O DIREITO DE OPINAR NA HORA OPORTUNA.
NASCEMOS NUM MOMENTO DE DESALENTO, QUANDO ATÉ A PRÓPRIA TORCIDA PARECIA NÃO MAIS ACREDITAR NO GRANDE CORINTHIANS. NÓS ACREDITAMOS SEMPRE E POR ISSO PARTIMOS PARA A LUTA, LUTA QUE SEMPRE EXISTIRÁ, POIS O IDEAL DE PERFEIÇÃO É ETERNO. QUANDO ADRENTRAMOS NOS ESTÁDIOS, POUCOS PODEM CALCULAR QUANTO DE SACRIFÍCIO NOS CUSTA: FINANCEIRO, DE TRABALHO, DE DESPREENDIMENTO PESSOAL , ETC. MAS VAMOS CONTINUAR SEMPRE: HOJE, AMANHÃ, DEPOIS, POIS SEMPRE EXISTIRÁ O GRANDE E ETERNO CORINTHIANS.

NÓS SOMOS OS GAVIÕES DA FIEL ...... FORÇA INDEPENDENTE EM PRÓL DO GRANDE CORINTHIANS.

FLAVIO LÁ SELVA SÓCIO 01 DOS GAVIÕES DA FIEL

JOCA

Uma frase de pessoas que fizeram nossa Gaviões, pessoas que conviveram, que viram nascer nosso Grêmio, viram crescer e se tornar o que é hoje. Conhecer as pessoas que por aqui passaram, conhecer o Grêmio, sua história e ser um autêntico Gavião sem conhecer e respeitar Joca, não é possível.
Alcides Jorge de Souza Piva, este é o Joca, nosso 2° presidente e um dos fundadores. Como Flávio La Selva, Edmar e como foi Magrão, Joca foi um grande líder. “Era o piloto da torcida, afirma Carlos Chagas(Manchinha), Pois as idéias levantadas pelos outros integrantes só eram concretizadas nas mãos de Joca. Sua maior meta, era levar a mensagem dos Gaviões para as pessoas. E ele conseguia. Gaviões da Fiel era notícia na imprensa quase que diariamente. Em uma época que havia maior paz nos estádios, ele vivia nas televisões, nas rádios e nos jornais para falar da Gaviões e do Corinthians, suas duas paixões.
Era um autêntico 171, pois conseguia convencer, resolver e driblar a tudo e a todos com a conversa. Idealizador, fundador, divulgador e acima de tudo companheiro. Tocava na bateria, cantava, viajava, estava sempre presente.
Ao contrário de La’Selva, Joca era mais energético, mais agressivo nas decisões. O que dizia era lei, sua palavra era a última e sempre respeitada. Não podia ser diferente, pois nossos grandes líderes, como Edmar(Gordo), se espelharam nele. Sua palavra sempre foi respeitada porque nunca colocava observações, sempre afirmava - É isso. E todos faziam isso.“O nome da quadra é Flávio La’Selva, mas a alma dos Gaviões é o Joca”, diz Mancha emocionado. Para defini-lo, Pedro Seletto Filho, o alemão do Bicho, diz: “Era um grande companheiro". As pessoas se emocionam ao falar de Joca. “Ele foi um grande amigo, quase um filho. Eu o amava muito”, diz Tia Geni, 75, e completa, “Foi um presidente de garra, raça, coragem e amor”.
Para Tia Dirce, 64, ele foi tudo de bom na Gaviões, foi um ótimo presidente, honesto, amigo, educado...“Grande líder. Grande amigo acima de tudo. Com ele não tinha indiferença. Resumindo: falando dele, não se tem palavra”, afirma Carlinhos Fumaça. Não se acordava, estava presente, sempre presente para lutar pelo Corinthians. “Juntamente com Flávio, ele moldava a ideologia do Grêmio. Sempre usava as palavras certas nos momentos certo, e raciocinava de acordo com o interesse da torcida,"viveu sua vida em prol dela”, diz Luiz Carlos, conselheiro e ex-diretor de carnaval. Sempre acompanhou o Corinthians e cobrava muita responsabilidade aos integrantes do Grêmio; era enérgico nas decisões, nas punições e exigia humildade. Todos os dias freqüentava a quadra. Sua ideologia, sua integridade e seu proceder marca a vida da Gaviões até os dias de hoje: “É um dos poucos que se pode chamar de Gavião imortal”, comenta José Lucas, Conselheiro Vitalício. Avelino Leonardo Gomes, o Bigode, é sócio há 18 anos e diz que a ideologia dos Gaviões veio de Joca e Flávio La’Selva. Era um líder não só da Gaviões, mas de todas as torcidas. Era respeitado por todas as facções de torcidas. Aos 18 anos já fazia parte do CORI do Corinthians, onde integravam somente os doutorados, como o deputado Wadih Helu, etc.Na opinião de Roberto Daga, conselheiro e sócio nº 3, Joca foi uma das pessoas mais inteligentes que conheceu. De muita leitura, passou, devido seu amor ao Timão, todo seu conhecimento aos integrantes da Gaviões. Daga diz ainda que ele era como um pai para muitos, pois tinha muita paciência para escutar.“A frase lealdade, humildade e procedimento, nasceu por causa de Joca, este era o Joca, leal, humilde e de proceder”, afirma Roberto Daga. E completa dizendo que Edmar aprendeu com ele.
Em contradição a isto, Manchinha, diz que Edimar fez a frase em homenagem a ele, tanto que em seu velório ofereceu uma coroa de flores, com estes dizeres:”Lealdade, Humildade e Procedimento”. Não importa a origem e sim saber que tanto Joca quanto Edimar tinham esta ideologia e por ela lutaram com garra e muito amor. E Dentinho reforça isto dizendo: “Joca era a força, a garra de nossa torcida”. Além de tudo, era extremamente humano, afirma Gilda Mendes de Oliveira, sócia desde 1977 “Joca lutou muito na vida. Sempre teve muitos problemas, mas não deixava transparecer, o pouco que tinha sempre repartia com alguém. Tiraria a roupa para ajudar uma pessoa, principalmente se fosse um Gavião”, finaliza Gilda. Julio Cesar, bundão e Joca eram como irmãos. Por várias vezes bundão me disse: “Gosto mais do Joca do que próprio irmão”. Comenta Manchinha; e finaliza;“Quando soube do falecimento de Joca, estava eu no Jornal, quando o Júlio me ligou e disse numa voz arrasada. “Perdi meu irmão. Mancha, perdemos nosso companheiro. O Joca morreu”.

Alcides Jorge de Souza Piva.
JOCA GAVIAO IMORTAL
Nascido em 23/04/52 - Falecido em 20/06/90

EDMAR BERNARDES

Edmar Bernardes, guerrilheiro em causa própria
As amizades que se formam dentro da Gaviões da Fiel são para a vida toda. Assim foi com Robertinho Daga e Edmar Bernardes, que apareceu na torcida organizada bem depois de sua fundação, no fim da década de 1980. Robertinho foi padrinho de casamento de Edmar, que foi padrinho do primeiro casamento de Robertinho, que é padrinho do filho de Edmar, que apadrinhou Vinícius, primeiro filho de Robertinho.
Conheceram-se ali mesmo na sede dos Gaviões, no Bom Retiro, quando Robertinho fazia uma reunião de apresentação para os novos sócios. O novo Gavião devia ter 14 anos. É de Edmar a idéia de levar um lema para os Gaviões da Fiel. Lealdade, Humildade e Procedimento, ou somente LHP, é um ensinamento aprendido nos anos em que Edmar passou cumprindo pena na Casa de Detenção, em São Paulo. Lá, para sobreviver é preciso ser leal, humilde e ter um bom proceder. O mesmo vale na vida. Na época, o presidente dos Gaviões era o Alex, que aceitou de prontidão o lema. Entendeu que, mesmo vindo da Casa de Detenção, eram três condições que cabiam em qualquer realidade. Depois, escreveu algumas frases usadas pelos Gaviões da Fiel e que servem de ensinamento para as próximas gerações como “A corrente jamais será quebrada”. Era véspera de um jogo contra o São Paulo, em 1992, quando Edmar foi encontrado morto na Barra do Saí, em Santa Catarina. Tinha cerca de 30 anos e havia sido assassinado com um tiro de calibre 12, pelas costas, exatamente como Inaté José da Silva, a quem tinha uma grande admiração. Até hoje ninguém sabe quem tirou a vida do corinthiano. “Edmar era um guerrilheiro em causa própria”, define Robertinho, saudoso.

FLAVIO LA SELVA

Raízes da maior torcida organizada do país está em reduto italiano, no bairro da Moóca, os porcos podem não acreditar. Mas é fato: a Gaviões da Fiel tem raízes no bairro paulistano da Móoca, reduto da colônia italiana. Mais que isso, as primeiras reuniões da agremiação foram feitas – imagine! – na casa de um porco e de uma bambi, cujo filho, Flávio Tadeu Garcia La Selva, viria a se tornar o sócio número 1 e primeiro presidente da maior torcida organizada do planeta. “No mesmo ano em que criou a Gaviões, meu irmão entrou para a faculdade de Direito do Largo São Francisco. Desde então, até o fim da vida, se dedicou totalmente a ajudar os outros”, conta Wanda La Selva, organizadora da Semana Flávio La Selva, que, entre outros eventos, exibirá uma mostra fotográfica na Assembléia Legislativa de São Paulo, até o dia 9. No esporte, La Selva foi também dirigente da Federação Paulista de Futebol de Salão, diretor do Sport Club Corinthians Paulista, presidente da Associação das Torcidas Organizadas do Estado de São Paulo. Em 1988, Vicente Matheus o convidou para a vice-presidência do Corinthians, cargo que ele não aceitou por já estar doente. No Carnaval, foi também vice-presidente da União das Escolas de Samba Paulistana, vice-presidente Jurídico da Federação das Escolas de Samba do Estado de São Paulo, integrante das escolas de samba Vai-Vai e Vila Dalila. Da procissão ao desfile, Formado em Letras e em Direito, La Selva tinha um espírito humanista. Fundou o Grupo de Defesa da Cidade, ao lado de Humberto Mesquita e Sérgio Camarano. Foi sócio benemérito do Hospital Humberto Primeiro e integrante da Casa de Saúde Ermelindo Matarazzo, que ajudou a recuperar de dificuldades financeiras. Em sua homenagem, foi batizada a Escola de Primeiro e Segundo Graus Prof. Flávio La Selva, no Jardim Ângela, zona Sul de São Paulo.
Católico praticante, era amigo de Dom Paulo Evaristo Arns, ao lado de quem participou de momentos históricos nos tempos da ditadura. “Quando chegava a época da procissão de Corpus Christi, Dom Paulo mandava chamar o Flávio e dizia: deixa por conta dele que sai direito, ele tem experiência dos desfiles de carnaval!”, lembra o amigo Jureni José dos Santos, atualmente conselheiro vitalício da Gaviões. Outro conselheiro vitalício, Sérgio Romano, o Paracatá, lembra das vezes em que o grupo de fundadores da Gaviões era agredido por capangas de Vadih Helu: “Ele queria comprar aqueles que faziam oposição às arbitrariedades. Oferecia ingressos, ônibus gratuitos … mas a Fiel não se dobrava. Então ele mandava bater. Mas a torcida se fortalecia ainda mais”.

JOGADOR

Ao lado do bar, na quadra dos Gaviões, existe o Cantinho do Jogador. Você já se perguntou o porquê desse nome? Roneibo Mendes de Almeida, o Jogador, era uma figura carimbada dos Gaviões da Fiel. Foi casado com Fátima, que o conheceu lá mesmo, na quadra, em 1983. Dois anos depois, se casaram e fizeram a festa de casamento em nossa sede. A lua-de-mel não podia ser diferente e foi em um jogo do Coringão contra o Botafogo-SP, em Ribeirão Preto, logo depois da festa.
Jogador quis ser presidente dos Gaviões, mas na época o casal tinha uma filha pequena e por isso (e a pedido de Fátima) desistiu. Para assumir tal cargo é preciso 100% de dedicação aos assuntos da torcida. Roneibo morreu jovem, em fevereiro de 1991, às vésperas do desfile de carnaval, depois de um acidente de moto. Ele saía de uma festa do Chopp na quadra dos Gaviões da Fiel. Não chegou a ver as filhas crescerem e nem mesmo conheceu a terceira, pois Fátima estava grávida quando Roneibo morreu. Fátima o ajudava a comandar a famosa ALA DO JOGADOR e, mesmo grávida, com a morte recente do marido e com as duas filhas pequenas que tinham perdido o pai, a corinthiana decidiu colocar a ala na avenida. Ele era uma espécie de conselheiro de plantão do pessoal da quadra e tinha o costume de conversar ao lado do bar onde hoje temos “O Canto do Jogador”, que é uma homenagem a este personagem da história dos Gaviões. Lá acontecem as rodas de samba e é o local preferido dos Gaviões para colocar a conversa em dia. E que assim seja! Que esses exemplos de Corinthianismo nos façam buscar sempre e mais a essência do que é ser Gavião.

INATÉ JOSÉ DA SILVA

Da favela do Vergueiro para as arquibancadas corinthianas, Inaté José da Silva estava sempre com seu surdo na mão. Era o centro de todos os corinthianos que, ao seu redor, gritavam e torciam pelo time. Um dos grandes líderes da Gaviões da Fiel. Quando o Corinthians quebrou o tabu depois de uma vitória sobre o Santos, após 10 anos de derrotas, em seis de março de 1968, Inaté invadiu o campo com uma bandeira do Timão para entregar ao Pelé. A foto tirada no momento em que o jogador do Santos tenta salvar o torcedor da agressão da polícia foi publicada na Revista Manchete. Ainda não existia a Gaviões da Fiel. Popular entre os torcedores do Corinthians, Inaté tinha acabado de servir o Exército quando ajudou a fundar os Gaviões. Nem por isso, deixava de contestar o regime militar e a ditadura imposta dentro do clube. Quando brigavam pela saída de Wadih Helu, Inaté fez um enterro simbólico do dirigente e levou o caixão até o programa líder de audiência, “O Homem do Sapato Branco”, comandado por Jacinto Figueira Júnior. O apresentador chutou o caixão e no dia seguinte aquilo saiu publicado em todos os jornais e revistas.“A vida de Inaté ficou ‘torta’ rápido”, lembra Roberto Daga. Cometeu infrações penais e fugiu para não ter de explicar e decepcionar os Gaviões da Fiel. Depois foi preso e cumpriu pena. Em uma entrevista da época, Inaté citou que “a única coisa que queria era cumprir rapidamente a pena para poder torcer livremente para o Corinthians”. Comandar como ele comandou. Pouco depois de sair da detenção, Inaté foi assassinado com um tiro de calibre 12, pelas costas.